Carlinhos Veiga
11 de Maio/Terça Feira
Em janeiro de 1981, visitei pela primeira vez a igreja do meu primo Israel. Fui muito bem recebido, e o pessoal me convidou para participar de um acampamento. Fiz minha inscrição, atraído pela novidade. Não podia imaginar o que me aguardava. Eu e a Rosana, minha irmã, pouco mais nova que eu, tivemos um ma-ra-vi-lho-so encontro com Jesus. Conversão pra valer. Era o dia 21 de janeiro de 1981, uma semana após o vestibular.
Um mês depois eu estava com 18 anos, fazendo Física na faculdade e convertido. Mudança radical. Confesso que no início foi muito difícil. A minha família pegou muito no meu pé por causa da fé que eu havia abraçado. Meus tios, aos poucos, foram se afastando de mim. Fiquei meio solitário na escola. Mas Deus me deu tranquilidade, e eu comecei a entender que a fé implica rejeições, não porque a gente queira ou comece a agir diferente, como “fanáticos”, creio que isso não aconteceu comigo. Mas o simples fato de dizer que agora Jesus é seu Senhor afasta as pessoas.
Fui crescendo na fé enquanto via Deus realizando uma obra fantástica em toda a minha família: a Rosana, que havia conhecido Jesus no mesmo acampamento em que eu, estava crescendo bastante na fé; depois foi a vez de o caçula, o Fernando, aceitar a Jesus na porta de casa, enquanto eu explicava para ele o filme Refúgio Secreto. Um tempo depois, foi a vez do Ricardo, após um culto na igreja.
Nessa época eu já estava bem ligado nas coisas de Deus. Eu e a Rosana participávamos do conjunto da mocidade: eu, no vocal e na guitarra, ela, no vocal. Com esse grupo eu vi pela primeira vez uma música minha vencer um festival, com uma canção feita em parceria com o amigo Lívio Luciano.
Lembro-me, como se fosse hoje, da manhã de domingo em que conheci o Conjunto da MPC Goiânia. Eles foram à minha igreja cantar. O Israel, nessa época, cantava no grupo. Eu, que amava a música brasileira, fui deixando aos poucos o gosto de lado porque não conhecia esse tipo de som na igreja. Quando pintava alguma coisa, era uma bossa com suingue de japonês, duro, duro… Pra ficar ruim, tinha que melhorar muito… Mas, quando vi aquele conjunto cantando, percebi que era possível conciliar a brasilidade com a fé. Foi maravilhoso. Pouco tempo depois, eu estava cantando e tocando com o grupo, a convite da líder, Cláudia Barbosa. Quem diria… Três anos depois ela viria a ser minha mulher.
Com a MPC a música deslanchou. Nós éramos convidados a cantar em vários lugares: escolas, teatros, praças, jantares etc. Nessa época viajamos para Belo Horizonte para cuidar da música no acampamento da MPC. No grupo estávamos eu, Reny, Israel, Stives, Juninho Pimenta, Cláudia, Valéria, Zu, Gleide e Mônica. Não é por nada não, mas arrebentávamos no vocal…
Em 85, decidimos colocar nome no grupo. Passou a se chamar Expresso Luz. Introduzimos instrumentos como o baixo elétrico, a bateria e a percussão.
Em dezembro de 86, eu me casei com a Cláudia. Nessa época eu já era o secretário executivo da MPC Goiânia. Numa dessas viagens com o Expresso, para um acampamento em Ribeirão Preto, convidaram a gente pra gravar um disco. Ficamos malucos, sem acreditar. Gravação em 1987 era coisa de outro mundo…
Embarcamos para o Rio de Janeiro na camionete Veraneio do Tico (baterista do grupo). Ficamos na casa do Emanoel, da MPC do Rio, na Ilha do Governador. O estúdio era em Ricardo de Albuquerque, na Baixada Fluminense. Todo dia a gente encarava a Avenida Brasil na hora do rush. Teria sido uma experiência maravilhosa, se não fosse a crise por que passou o grupo logo depois da gravação. Por uma série de razões, metade dos integrantes saiu do Expresso, antes de a prensagem do disco ser concluída. Foram dias de muito sofrimento pra turma que ficou.
Em dezembro de 1996, fui convidado pela Igreja Presbiteriana de Brasília para trabalhar como missionário entre a juventude, o que traria muitas, muitíssimas, mudanças. Teria que deixar o Expresso, a MPC, a música, ou seja, o tripé no qual estava firmado todo o meu ministério. Era um preço alto, mas necessário para a minha sobrevivência e de minha família.
Carlinhos possui seis trabalhos solos gravados: “Terra” (1995), “Menino” (1999), “Mata do Tumbá” (2002), “Santa Louvação” (2003), “Siripequi – entre mangues e cerrados”, gravado em parceria com o músico capixaba Rogério Pinheiro, e “Flor do Cerrado” (2007), com o apoio cultural do Fundo de Arte e Cultura do Governo do Distrito Federal.
Em seus shows, Carlinhos Veiga (voz, violão e viola caipira) é acompanhado por sua banda, formada pelos músicos Cláudia Barbosa (flauta transversal e vocal), Eline Márcia (vocal), Marcus Moraes (violão), Enos Marcelino (acordeom), Pedro Veiga (baixo), Leo Barbosa e Ismael Rattis (percussões).
O próximo projeto de Carlinhos Veiga é a gravação de um DVD, a ser produzido em 2010 na cidade goiana de Pirenópolis.
Fonte: http://ultimato.com.br/blogs/carlinhosveiga
11 de Maio/Terça Feira
Em janeiro de 1981, visitei pela primeira vez a igreja do meu primo Israel. Fui muito bem recebido, e o pessoal me convidou para participar de um acampamento. Fiz minha inscrição, atraído pela novidade. Não podia imaginar o que me aguardava. Eu e a Rosana, minha irmã, pouco mais nova que eu, tivemos um ma-ra-vi-lho-so encontro com Jesus. Conversão pra valer. Era o dia 21 de janeiro de 1981, uma semana após o vestibular.
Um mês depois eu estava com 18 anos, fazendo Física na faculdade e convertido. Mudança radical. Confesso que no início foi muito difícil. A minha família pegou muito no meu pé por causa da fé que eu havia abraçado. Meus tios, aos poucos, foram se afastando de mim. Fiquei meio solitário na escola. Mas Deus me deu tranquilidade, e eu comecei a entender que a fé implica rejeições, não porque a gente queira ou comece a agir diferente, como “fanáticos”, creio que isso não aconteceu comigo. Mas o simples fato de dizer que agora Jesus é seu Senhor afasta as pessoas.
Fui crescendo na fé enquanto via Deus realizando uma obra fantástica em toda a minha família: a Rosana, que havia conhecido Jesus no mesmo acampamento em que eu, estava crescendo bastante na fé; depois foi a vez de o caçula, o Fernando, aceitar a Jesus na porta de casa, enquanto eu explicava para ele o filme Refúgio Secreto. Um tempo depois, foi a vez do Ricardo, após um culto na igreja.
Nessa época eu já estava bem ligado nas coisas de Deus. Eu e a Rosana participávamos do conjunto da mocidade: eu, no vocal e na guitarra, ela, no vocal. Com esse grupo eu vi pela primeira vez uma música minha vencer um festival, com uma canção feita em parceria com o amigo Lívio Luciano.
Lembro-me, como se fosse hoje, da manhã de domingo em que conheci o Conjunto da MPC Goiânia. Eles foram à minha igreja cantar. O Israel, nessa época, cantava no grupo. Eu, que amava a música brasileira, fui deixando aos poucos o gosto de lado porque não conhecia esse tipo de som na igreja. Quando pintava alguma coisa, era uma bossa com suingue de japonês, duro, duro… Pra ficar ruim, tinha que melhorar muito… Mas, quando vi aquele conjunto cantando, percebi que era possível conciliar a brasilidade com a fé. Foi maravilhoso. Pouco tempo depois, eu estava cantando e tocando com o grupo, a convite da líder, Cláudia Barbosa. Quem diria… Três anos depois ela viria a ser minha mulher.
Com a MPC a música deslanchou. Nós éramos convidados a cantar em vários lugares: escolas, teatros, praças, jantares etc. Nessa época viajamos para Belo Horizonte para cuidar da música no acampamento da MPC. No grupo estávamos eu, Reny, Israel, Stives, Juninho Pimenta, Cláudia, Valéria, Zu, Gleide e Mônica. Não é por nada não, mas arrebentávamos no vocal…
Em 85, decidimos colocar nome no grupo. Passou a se chamar Expresso Luz. Introduzimos instrumentos como o baixo elétrico, a bateria e a percussão.
Em dezembro de 86, eu me casei com a Cláudia. Nessa época eu já era o secretário executivo da MPC Goiânia. Numa dessas viagens com o Expresso, para um acampamento em Ribeirão Preto, convidaram a gente pra gravar um disco. Ficamos malucos, sem acreditar. Gravação em 1987 era coisa de outro mundo…
Embarcamos para o Rio de Janeiro na camionete Veraneio do Tico (baterista do grupo). Ficamos na casa do Emanoel, da MPC do Rio, na Ilha do Governador. O estúdio era em Ricardo de Albuquerque, na Baixada Fluminense. Todo dia a gente encarava a Avenida Brasil na hora do rush. Teria sido uma experiência maravilhosa, se não fosse a crise por que passou o grupo logo depois da gravação. Por uma série de razões, metade dos integrantes saiu do Expresso, antes de a prensagem do disco ser concluída. Foram dias de muito sofrimento pra turma que ficou.
Em dezembro de 1996, fui convidado pela Igreja Presbiteriana de Brasília para trabalhar como missionário entre a juventude, o que traria muitas, muitíssimas, mudanças. Teria que deixar o Expresso, a MPC, a música, ou seja, o tripé no qual estava firmado todo o meu ministério. Era um preço alto, mas necessário para a minha sobrevivência e de minha família.
Carlinhos possui seis trabalhos solos gravados: “Terra” (1995), “Menino” (1999), “Mata do Tumbá” (2002), “Santa Louvação” (2003), “Siripequi – entre mangues e cerrados”, gravado em parceria com o músico capixaba Rogério Pinheiro, e “Flor do Cerrado” (2007), com o apoio cultural do Fundo de Arte e Cultura do Governo do Distrito Federal.
Em seus shows, Carlinhos Veiga (voz, violão e viola caipira) é acompanhado por sua banda, formada pelos músicos Cláudia Barbosa (flauta transversal e vocal), Eline Márcia (vocal), Marcus Moraes (violão), Enos Marcelino (acordeom), Pedro Veiga (baixo), Leo Barbosa e Ismael Rattis (percussões).
O próximo projeto de Carlinhos Veiga é a gravação de um DVD, a ser produzido em 2010 na cidade goiana de Pirenópolis.
Fonte: http://ultimato.com.br/blogs/carlinhosveiga
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