06 de Junho/Domingo
Cresce cada vez mais o casamento da religião com a prosperidade. O ter continua atraindo mais que o ser. O fim principal do homem não é glorificar a Deus nem gozá-lo para sempre, como queriam os teólogos da Assembléia de Westminster na metade do século XVII. O fim principal do homem é a segurança financeira, são os bens de consumo, é o conforto proporcionado pela máquina, é a beleza do corpo, a beleza da roupa, a beleza das jóias, a beleza da casa, a beleza do carro. O que se valoriza é a criatura e não o Criador, a saúde do corpo e não a saúde da alma, o tempo presente e não a eternidade.
A religião está em alta. A explicação dada pela escritora Walnice Nogueira Galvão, professora aposentada de Teoria Literária da USP, é que “o mundo está ficando tão insatisfeito que as pessoas estão se voltando para a religião”. Não importa qual a religião. Pode ser o cristianismo, pode ser o esoterismo, pode ser a mistura do cristianismo com o esoterismo (aí está Paulo Coelho). Não há pureza doutrinária. Não há necessariamente mudança de caráter, mudança de vida. Em muitos casos a religião não tem provocado arrependimento, não tem provocado conversão, não tem provocado renúncia, não tem provocado desprendimento, não tem provocado humildade.
Parece que algumas mulheres convertidas ao rebanho evangélico continuam sexy, como a cantora Gretchen e a modelo Monique Evans. É o que diz a Folha de São Paulo (12/4/98). Parece que algumas mulheres convertidas à Renovação Carismática Católica continuam fúteis, como a socialite Gisella Amaral, que tem mais de cinqüenta tercinhos para combinar com a roupa. É o que ela mesma diz. A elite carismática usa colar de pérola e ouro de 1.344 reais, terço de pérola e ouro de 672 reais, medalha de 600 reais e anéis de ouro de 345 reais. Todas as jóias têm a imagem de Nossa Senhora Milagrosa (Veja, 8/4/98).
Boa parte do movimento neopentecostal, tanto protestante como católico, está comprometido com a chamada Teologia da Prosperidade, o oposto da Teologia da Libertação. O casamento da religião com a prosperidade é sólido, mais consolidado que muitos matrimônios entre homem e mulher. Não há sinais de ruptura à vista. A fé religiosa é considerada um trampolim para a obtenção e manutenção da qualidade de vida. Zilda Couto, esposa do dono da construtora Emig, testemunha: “Há um ano, muitos dos meus imóveis estavam desalugados. Orei para que a situação melhorasse e foi incrível: dois meses depois, eles estavam todos ocupados”. As bênçãos recebidas por meio da oração são quase sempre ligadas à prosperidade. Como, por exemplo, no caso de Cristina Simonsen e Cristina Cabrera, ambas vítimas de ladrões milagrosamente salvas, a primeira de perder um relógio avaliado em 30.000 dólares, e a segunda de perder suas jóias.
O Jesus atual parece proteger a riqueza dos ricos e o Jesus dos velhos tempos mandava ajuntar tesouros no céu, “onde os ladrões não arrombam nem furtam” (Mt 6.19). O Jesus de hoje parece encorajar a riqueza e o Jesus de ontem explicava que “mais bem-aventurado é dar do que receber” (At 20.35). O Jesus deste final de século parece não esvaziar os bens de ninguém e o Jesus do Evangelho encorajava o esvaziamento das riquezas, em benefício da própria pessoa, em benefício alheio e em benefício do reino de Deus (Lc 18.18-30, 19.1-10).
No casamento da religião com o cifrão há coisas muito esquisitas. Hoje, o perigo é Jesus nos causar um desapontamento, como se pode ver nestas palavras de Ângela Guerra, esposa do ex-ministro Alceni Guerra: “Não peço as coisas a Jesus para amanhã. É para hoje. Oro e peço que Ele não me desaponte”. Ontem, o perigo era nós desapontarmos a Jesus.
O lado mau desse novo despertar religioso é que os novos crentes não conseguem enxergar o valor das riquezas acumuladas no céu. São como aquele homem muito rico que procurou Jesus e depois desistiu dele (Lc 18.18-23).
Fonte: http://www.ultimato.com.br
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Cresce cada vez mais o casamento da religião com a prosperidade. O ter continua atraindo mais que o ser. O fim principal do homem não é glorificar a Deus nem gozá-lo para sempre, como queriam os teólogos da Assembléia de Westminster na metade do século XVII. O fim principal do homem é a segurança financeira, são os bens de consumo, é o conforto proporcionado pela máquina, é a beleza do corpo, a beleza da roupa, a beleza das jóias, a beleza da casa, a beleza do carro. O que se valoriza é a criatura e não o Criador, a saúde do corpo e não a saúde da alma, o tempo presente e não a eternidade.
A religião está em alta. A explicação dada pela escritora Walnice Nogueira Galvão, professora aposentada de Teoria Literária da USP, é que “o mundo está ficando tão insatisfeito que as pessoas estão se voltando para a religião”. Não importa qual a religião. Pode ser o cristianismo, pode ser o esoterismo, pode ser a mistura do cristianismo com o esoterismo (aí está Paulo Coelho). Não há pureza doutrinária. Não há necessariamente mudança de caráter, mudança de vida. Em muitos casos a religião não tem provocado arrependimento, não tem provocado conversão, não tem provocado renúncia, não tem provocado desprendimento, não tem provocado humildade.
Parece que algumas mulheres convertidas ao rebanho evangélico continuam sexy, como a cantora Gretchen e a modelo Monique Evans. É o que diz a Folha de São Paulo (12/4/98). Parece que algumas mulheres convertidas à Renovação Carismática Católica continuam fúteis, como a socialite Gisella Amaral, que tem mais de cinqüenta tercinhos para combinar com a roupa. É o que ela mesma diz. A elite carismática usa colar de pérola e ouro de 1.344 reais, terço de pérola e ouro de 672 reais, medalha de 600 reais e anéis de ouro de 345 reais. Todas as jóias têm a imagem de Nossa Senhora Milagrosa (Veja, 8/4/98).
Boa parte do movimento neopentecostal, tanto protestante como católico, está comprometido com a chamada Teologia da Prosperidade, o oposto da Teologia da Libertação. O casamento da religião com a prosperidade é sólido, mais consolidado que muitos matrimônios entre homem e mulher. Não há sinais de ruptura à vista. A fé religiosa é considerada um trampolim para a obtenção e manutenção da qualidade de vida. Zilda Couto, esposa do dono da construtora Emig, testemunha: “Há um ano, muitos dos meus imóveis estavam desalugados. Orei para que a situação melhorasse e foi incrível: dois meses depois, eles estavam todos ocupados”. As bênçãos recebidas por meio da oração são quase sempre ligadas à prosperidade. Como, por exemplo, no caso de Cristina Simonsen e Cristina Cabrera, ambas vítimas de ladrões milagrosamente salvas, a primeira de perder um relógio avaliado em 30.000 dólares, e a segunda de perder suas jóias.
O Jesus atual parece proteger a riqueza dos ricos e o Jesus dos velhos tempos mandava ajuntar tesouros no céu, “onde os ladrões não arrombam nem furtam” (Mt 6.19). O Jesus de hoje parece encorajar a riqueza e o Jesus de ontem explicava que “mais bem-aventurado é dar do que receber” (At 20.35). O Jesus deste final de século parece não esvaziar os bens de ninguém e o Jesus do Evangelho encorajava o esvaziamento das riquezas, em benefício da própria pessoa, em benefício alheio e em benefício do reino de Deus (Lc 18.18-30, 19.1-10).
No casamento da religião com o cifrão há coisas muito esquisitas. Hoje, o perigo é Jesus nos causar um desapontamento, como se pode ver nestas palavras de Ângela Guerra, esposa do ex-ministro Alceni Guerra: “Não peço as coisas a Jesus para amanhã. É para hoje. Oro e peço que Ele não me desaponte”. Ontem, o perigo era nós desapontarmos a Jesus.
O lado mau desse novo despertar religioso é que os novos crentes não conseguem enxergar o valor das riquezas acumuladas no céu. São como aquele homem muito rico que procurou Jesus e depois desistiu dele (Lc 18.18-23).
Fonte: http://www.ultimato.com.br
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A paz amado!
Infelizmente busca-se as bençãos materiais e não o Abençoador e Salvador das nossas almas. As pessoas confudem prosperidade espiritual, viver cheio da graça de Deus com carros novos, imóveis, roupas de marcas, ou seja, tesouros que não levaremos daqui. Creio que Deus quer me ver bem em todas as áreas da minha vida, desde que eu esteja ligada totalmente à arvore da vida. bebendo das águas do trono e fazendo a SUA vontade.
Rose.