O Encontro
É um conto maravilhoso de Ricardo Gondim que marcou muito a minha vida quando li, cada vez que leio algo deste autor maravilhoso vejo o quanto Deus tem o honrado com este dom maravilhoso.



O encontro
Ricardo Gondim

Há muito tempo eu seguia por uma estrada deserta. O calor fustigava minha cabeça descoberta. Sedento e com os pés inchados, notei uma silhueta mais à frente. Era um homem de passos lentos. Alcancei-lhe.

- Boa tarde, companheiro. Saudei-lhe timidamente.

Sem responder a saudação, perguntou-me: - Quem é você?

- Um viajante qualquer. Respondi com aspereza. Não queria identificar-me.

- Eu sou Raimundo e não aceito rimas engraçadinhas.

Seus olhos estavam vermelhos, a boca esbranquiçada com saliva seca e as veias do pescoço, latejavam.

-Estou cansado desta estrada, deste caminho, desta jornada. Falei para solidarizar-me com o seu semblante abatido.

Ele me olhou pela primeira vez. Mirou-me com um pai, pronto para aconselhar o filho.

- Eu também estou mal, muito mal. Sinto-me exausto. Semelhante ao homem que acabou de quebrar um caminhão de pedras, depois olhou para o lado e descobriu que mais dois caminhões esperavam por ele. Ando sem ânimo com a paisagem. Prefiro andar sem ser importunado. Não aguento cobranças. Há anos não quero ninguém ao meu redor.

Narrei-lhe algumas experiências nos anos que gastei na estrada. Confessei minha necessidade de encontrar um amigo que fosse parceiro por aquela trilha que serpenteava montanhas e desaparecia no horizonte.

Raimundo me disse que eu só o encontrei porque ele envelhecera; não conseguia manter o ritmo dos primeiros quilômetros.

- Siga na sua velocidade, não espere por mim. Seu conselho soou como despedida.

Antes que nos apartássemos na bifurcação que se abriu no vale, falei:

- Estou com um nó na garganta, uma vontade de chorar entalada que nunca se transforma em choro, mas que me incomoda e abate.

Esperava que Raimundo permanecesse calado, mas o franzino viajante retrucou:

- Não queira recomeçar, não tente antecipar o que vem pela frente, não sinta falta de diálogo. Caminhe sozinho, faça do suor sua única companhia.

Parou, mirou o chão quente e sussurrou:

- Depois de tantos anos nesta senda, minha vontade é não fazer nada, não conversar com ninguém, não saber de coisa nenhuma. Sigo sem destino e sem rumo. Quer saber mais? Vou forçado. Sou peregrino por obrigação. Vejo a vida como sina que tenho que cumprir.

Chegou a forquilha que nos apartou. Raimundo apontou o dedo para a direita. Com autoridade, indicou o lado que eu deveria optar e arrematou: – É mais seguro.

Acenei-lhe um adeus sem palavras.

De longe, Raimundo gritou: - Boa sorte, viajante. Desculpe, estou num dia péssimo.

Soli Deo Gloria

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1 Response
  1. Desde mis --- HORAS ROTAS ---

    y --- AULA DE PAZ ----

    TE SIGO --- APRENDENDO EM SAREPTA ---







    . comparto tu blog

    con un fuerte abrazo y

    Saludos cordiales de amistad:




    afectuosamente :
    PASTOR RODRIGO





    jose

    ramon…